quinta-feira, 8 de março de 2012

Lei do USO e do DESUSO - LAMARCK

           Alguns, alunos, questionaram um colega sobre a existência desta lei. Talvez não tenham perguntado corretamente, mas para fins didático devo esclarecer o que seja.
   Segundo Lamarck, um dos teóricos do evolucionismo, o ambiente condiciona a evolução levando ao aparecimento de características que permitem aos indivíduos adaptarem-se às condições do ambiente onde vivem. Sendo assim, a adaptação representa, então, a necessidade que os seres vivos possuem de desenvolver características estruturais e funcionais que lhes permitem sobreviver em determinado ambiente. Em síntese esta é a lei do uso e desuso espero que lhes tenha ajudado.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

DIREITOS E CIDADANIA.

            Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação.
            A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso país.
            A idéia de cidadania surgiu na Idade Antiga, após a Roma conquistar a Grécia (séc. V d.C.), se expandindo para o resto da Europa. Apenas homens (de maior) e proprietários de terras (desde que não fossem estrangeiros), eram cidadãos. Diminuindo assim a idéia de cidadania, já que mulheres, crianças, estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos.
            Na Idade Média (2ª era - séc. V até XV d.C.), surgiram na Europa, os feudos (ou fortalezas particulares). A idéia de cidadania se acaba, pois os proprietários dos feudos passaram a mandar em tudo, e os servos que habitavam os feudos não podiam participar de nada. Após a Idade Média, terminaram-se as invasões Bárbaras, terminando-se também os feudos, entrando assim, em uma grande crise. Os feudos se decompõem, formando cidades e depois países (Os Estados Nacionais).
            Entra a 3ª era (Idade Moderna - séc XV ao XVIII d.C). Os países formados após o desaparecimento dos feudos foram em conseqüência da união de dois grupos: o Rei e a Burguesia. O Rei mandava em tudo e tinha um grande poder, graças aos impostos que recebia. Com todo esse dinheiro nas mãos, o rei construía exércitos cada vez mais fortes, além de dar apoio político à Burguesia. Em conseqüência dessa união, a Burguesia ficava cada vez mais rica e era ela quem dava apoio econômico aos Reis (através dos impostos).
            Com o tempo, o Rei começou a atrapalhar a Burguesia, pois ele usava o poder para "sacaneá-la". A Burguesia ficava cada vez mais rica e independente, vendo o Rei como um perigo e um obstáculo ao seu progresso. Para acabar com o Absolutismo (poder total do Rei), foram realizadas cinco grandes revoluções burguesas: Revolução Industrial; Iluminismo (Revolução Filosófica); Revolução Francesa (A maior de todas); Independência dos Estados Unidos; Revolução Inglesa. Todas essas cinco revoluções tinham o mesmo objetivo: tirar o Rei do poder.
            Com o fim do Absolutismo, entra a Idade Contemporânea (séc. XVIII até os dias de hoje), surgindo um novo tipo de Estado, o Estado de Direito, que é uma grande característica do modelo atual. A principal característica do Estado de Direito é: "Todos tem direitos iguais perante a constituição", percebendo assim, uma grande mudança no conceito de cidadania. Por um lado, trata-se do mais avançado processo que a humanidade já conheceu, por outro lado, porém, surge o processo de exploração e dominação do capital.
             A burguesia precisava do povo e o convencia de que todos estavam contra o Rei e lutando pela igualdade, surgindo assim, as primeiras constituições (Estado feito a serviço da Burguesia). Acontece a grande contradição: cidadania X capitalismo. Cidadania é a participação de todos em busca de benefícios sociais e igualdade. Mas a sociedade capitalista se alimenta da pobreza. No capitalismo, a grande maioria não pode ter muito dinheiro, afinal, ser capitalista é ser um grande empresário (por exemplo). Se todos fossem capitalistas, o capitalismo acabaria, ninguém mais ia trabalhar, pois não existiriam mais operários (por exemplo). Começaram a ocorrer greves (pressão) contra os capitalistas por parte dos trabalhadores, que visavam uma vida melhor e sem exploração no trabalho.
             Da função de político, o homem passa para a função de consumidor, o que é alimentado de forma acentuada pela mídia. O homem que consome satisfaz as necessidades que outros impõem como necessárias para sua sobrevivência. Isso se mantém até os dias de hoje (idéia de consumo). Para mudar essas idéias, as pessoas devem criar seus próprios conceitos e a escola aparece como um fator fundamental.

CLASSE SOCIAL COMO FENÔMENO SIMULTANEAMENTE ECONÔMICO, POLÍTICO E SOCIAL.

                     As relações de produção são, de fato, a referência última das classes sociais. Os lugares ocupados no processo de produção, basicamente a grande divisão entre proprietários não trabalhadores e trabalhadores não proprietários, é a divisão fundamental que possibilita a organização de coletivos com interesses opostos. Mas isso é uma é uma possibilidade. Encontramos também, na própria economia, outras características que podem possibilitar a formação de um campo de interesse comum entre proprietários e trabalhadores. Nas sociedades capitalistas, o operário pode, visando preservar seu emprego ou aumentar seus ganhos, ter interesse no crescimento da empresa ou setor onde trabalha, fazendo frente comum com os capitalistas dessa empresa ou setor e, ao mesmo tempo, concorrendo com os operários que trabalham em outras empresas ou setores. O corporativismo sindical, no sentido gramsciano de egoísmo de fração, é a manifestação mais clara e geral desse fenômeno.
                        Logo, na economia, estão presentes, potencialmente, tanto classes antagônicas como grupos que cooperam entre si em defesa de uma empresa ou setor – quem, no Brasil, não se recorda da frente comum estabelecida entre sindicatos operários e associações patronais das grandes montadoras de veículos para preservar e expandir o automobilismo na década de 1990? Uma eventual consciência pró-capitalista dos operários pode ser reflexo da sua situação econômica particular, e não uma ilusão sem fundamento econômico, ao contrário do que sugere a noção de “falsa consciência”. O antagonismo entre proprietários e trabalhadores é apenas latente, potencial. Para que a classe operária, que existe apenas em potência no terreno da economia capitalista, adquira uma existência ativa, é necessária a combinação de inúmeros fatores de ordem econômica, política e ideológica – situação do emprego e do salário, situação do sistema de aliança que sustenta o bloco burguês no poder, eficácia da ideologia e do programa socialista para responder aos problemas colocados na ordem do dia pela sociedade capitalista numa determinada etapa do seu desenvolvimento etc. A classe social só existirá no sentido forte do termo, isto é, como coletivo organizado e ativo, quando o antagonismo latente torna-se manifesto.
BOITO Jr., Armando. A (difícil) formação da classe operária. In: Marximo e ciências humanas. São Paulo: Xamã, 2003. P. 244-245.

PARA QUE SERVE A SOCIOLOGIA?

A sociologia serve-nos, em primeiro lugar, como instrumento de conhecimento. Juntamente com as outras ciências sociais, diz-nos como funcionam as instituições sociais, quais as regras escritas e, sobretudo, não escritas, em que os indivíduos e os grupos sociais se apoiam. Mais especificamente, a sociologia desenvolve um trabalho concreto, para o qual as outras ciências sociais não estão adequadamente equipadas; ocupa-se de interconexões do social e procura analisa-la. Neste sentido, ou seja, na medida em que analisa não tanto os aspectos específicos da sociedade enquanto tais, como as ligações estruturais e de condicionamento recíproco, a sociologia tem uma função de generalização e um efeito de exteriorização. Não espanta que, nas mãos de um sociólogo pouco sensato ou medíocre, a sociologia pareça, em vez de geral, “genérica”, e de sociologia se transforme naquilo a que os que apenas conhecem as ciências sociais pela rama não se cansem de chamar “tudologia”.

                        Este aspecto crítico, tão difundido e tão superficial, evoca, paradoxalmente, a função social específica da sociologia e a sua vocação profunda na sociedade atual. Esta sociedade, nos seus aspectos mais avançados, é hoje uma sociedade extremamente fragmentada por uma especialização técnica que cada vez é mais estimulada e corre o risco de nos fazer perder de vista o social na sua globalidade dinâmica. A sociologia é o único antídoto de que dispomos contra essa tendência, o sociólogo desempenha uma função social crítica essencial. No próprio momento em que começa a analisar qualquer fenômeno social, comportamento ou instituição, o sociólogo afirma e faz incidir sobre o fato social um critério de racionalidade que esclarece as razões profundas das práticas sociais, muitas vezes aceites e seguidas por puro instinto consuetudinário, e possui um salutar poder de desmistificação.

                        Nesta perspectiva, é fácil compreender por que é que a sociologia tem tido uma vida difícil em todos os regimes políticos totalitários e autoritários. O simples fato de escolher uma dada instituição como objeto de investigação sociológica põe em risco a propaganda oficial ou “ideológica”, desvenda os mecanismos internos da instituição, mostra os interesses reais que essa instituição serve, descreve as suas linhas tendenciais tais como são, na realidade, independentemente das interpretações oficiais, revela a sociedade real que se comprime, por trás da fachada formal. Como diziam os nazis, a sociologia desenvolve uma “crítica social corrosiva”.

FERRAROTTI, Franco. Sociologia. Lisboa. Teorema, 1986, p. 149-150

sábado, 25 de fevereiro de 2012

O UNIVERSO DAS ARTES

            Alberto Caeiro é um dos heterônimos de Fernando Pessoa e é incrível como neste poema:
O meu olhar é nítido como um girassol
Tenho o Costume de andar pelas estradas
Olhando para direita e para esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo

podemos encontrar suficientes caminhos de descobrimento para significações da arte principalmente entendendo o olhar do artista que realmente nasce a cada momento, a cada criação; e este nascimento é para o momento, novo; ao mesmo tempo em que é, eterno. Fernando Pessoa criou vários personagens e este Alberto Caeiro nos mostra com sua filosofia simples que coisas aparentemente distintas caminham mais íntimas que possamos imaginar.
            Ora se arte não é novidade/eternidade; eternidade/novidade? O artista a cada momento transforma-se, recicla-se sempre em busca do novo em si mesmo e essa busca é na verdade também em algo que existe desde sempre e que nunca deixará de existir, ou seja, é eterno. A autora exemplifica citando Monet que pinta a mesma catedral e na verdade a “mesma” não existe, pois a cada catedral pintada, uma nova catedral nasce e posso citar o poeta paraense Max Martins que hoje em dia já não mais cria ou cria muito pouco, porém, refaz, reescreve muito mais, conserta, reorganiza poemas outrora escritos.

            Então podemos concluir que dentro da arte o eterno e o novo se fazem em um só e “o que há de espantoso nas artes é que elas realizam o desvendamento do mundo recriando o mundo noutra dimensão e de tal maneira que a realidade não está aquém e nem na obra, mas é a própria obra de arte”. O homem faz arte também no intuito de descobrir o mundo e o faz descobrindo a si mesmo. Se conhecer também é o caminho para a evolução.


Fonte:                               Argentino Campos de Melo Neto.  
ideiasemarteeducacao.blogspot.com

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O CONHECIMENTO

Os primeiros filósofos dedicavam-se, quase inteiramente, a um conjunto de indagações principais, quais eram: “Por que e como as coisas existem?”, “Qual a origem a origem da natural e quais as causas de sua transformação”? Contudo, a pergunta central era a seguinte: “O que são as coisas?”. Poderíamos reformular com a seguinte pergunta: “o que é o SER?” Desta feita, qual o SER presente em todas as coisas? Assim, segundo alguns, estudiosos, os primeiros filósofos não tinham a preocupação com o conhecimento como conhecimento, mas indagava se podemos ou não conhecer o ser.

Nesta ótica, podemos citar alguns exemplos capazes de abalizar o que anteriormente fora dito. Segundo Heráclito de Éfeso, a natureza é um fluxo perpétuo, p. ex., não podemos banhar duas vezes no mesmo rio, pois as águas nunca são as mesmas e nós nunca somos os mesmos. Comparando, também, o mundo à chama de uma vela que queima sem cessar. O dia se torna noite, o novo fica velho, o quente esfria; onde cada ser é um movimento em direção ao seu contrário. A realidade para Heráclito é a HARMONIA DOS CONTRÁRIOS, onde não cessam de transformar uns nos outros. Neste caso, então como explicar o que a nossa percepção oferece, ou seja, um mundo ESTÁVEL? Já para Parmênides de Eleia, em oposição a Heráclito, nunca poderíamos pensar em algo que não fosse idêntico a si mesmo, para ele conhecer é alcançar o idêntico, o IMUTÁVEL. Como podemos pensar algo que é e ao mesmo tempo não é? Não é possível, diria Parmênides, pois o perceber e o pensar são diferentes. Além disso, os sentidos nos enganam.  Noutra linha de pensamento, temos Demócrito de Abdera, o qual desenvolveu a teoria sobre o ser ou sobre a natureza conhecida com o nome de atomismo. Segundo ele, a natureza é constituída por ÁTOMOS. Os seres surgem por composição dos átomos, transformam-se por novos arranjos e morrem pela separação deles.

Essas preocupações, a exemplo dessas, conduziram os filósofos gregos a duas atitudes: que não podemos conhecer os seres e que primeiro deve conhecer-se. Nesta primeira temos a figura dos sofistas que para eles se pudéssemos, pensaríamos todos da mesma maneira, nesta caso só haveria uma única opinião. Assim, para se relacionarem com o mundo e com os seres o homem utiliza de um instrumento, a saber: A LINGUAGEM. Utilizada para persuadir os outros de suas próprias ideias e opiniões. A verdade é uma questão de opinião e de persuasão, e a linguagem é mais importante do que a percepção e o pensamento. Ao contrário dos sofistas, Sócrates, propunha que a verdade poderia ser conhecida desde que possamos compreender que precisamos começar afastando as ilusões dos sentidos, as imposições das palavras e a multiplicidade das opiniões, pois os órgãos dos sentidos nos dão somente a aparências das coisas e as palavras meras opiniões delas.



FONTE:                                                                               CHAUI, Marilene, Iniciação a filosofia: ensino médio, volume único, São Paulo,Ática, 2010.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O NASCIMENTO DA FILOSOFIA E O FIM DO MITO.

A grande pergunta que fazemos, quando iniciamos o estudo da filosofia como ciência é: "toda ciência tem a sua origem, qual a origem da filosofia?" A filosofia vem surgir da ruptura sobre os antigos mitos gregos. Esse desligamento não se deu de forma radical, de maneira gradual. Visto isto, emergem dúvidas, tais quais: "do que se tratava o mito?" e "para quê servia o mito?" Inobstante, o mito é a narrativa sobre a origem de alguma coisa - Os astros, os deuses, a alegria, a tristeza etc - os quais eram tidos como reais. Essas estórias eram narradas por poetas para um grupo de ouvintes que as recebiam como sendo verdadeira. Os gregos acreditavam muito na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. Hoje, você diria que eram mentiras, contudo, plasme, imagine em épocas pretéritas, quando criança e seus avós lhe diziam: "não saia a rua, pois existe o bicho papão e vai comer você." Você, criança, acreditava nessas, fantásticas, estórias. Mesmo que a interrogasse que viu o bicho papão lhe diria que foi o filho da vizinha da prima tal que aconteceu isso, assim a estória teria a autoridade e fundamentos necessários para ser, realmente, autêntica. Desta forma, o mito é incontestável e inquestionável.

São três formas, principais, utilizadas pelo mito para narrar a origem do mundo e de tudo o que nele existe, vejamos: 1) Encontrar o pai e a mãe das coisas e dos seres, desta feita, trago à tona, observando que as pessoas apaixonadas estão sempre cheias de ansiedade e de plenitude, inventam mil expedientes para estar com a pessoa amada ou para seduzi-la e também serem amadas, o mito narra a origem do amor, isto é, o nascimento do deus Eros, exemplo extraído do Banquete 203a, de Platão: "Quando nasceu Afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se encontrava também o filho de Prudência, Recurso. Depois que acabaram de jantar, veio para esmolar do festim a Pobreza, e ficou na porta. Ora, Recurso, embriagado com o néctar - pois o vinho ainda não havia - penetrou o jardim de Zeus e, pesado, adormeceu. Pobreza então, tramando em sua falta de recurso engendrar um filho de Recurso, deita-se ao seu lado e pronto concebe o Amor. Eis por que ficou companheiro e servo de Afrodite o Amor, gerado em seu natalício, ao mesmo tempo que por natureza amante do belo, porque também Afrodite é bela. E por ser filho o Amor de Recurso e de Pobreza foi esta a condição em que ele ficou. Primeiramente ele é sempre pobre, e longe está de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas é duro, seco, descalço e sem lar, sempre por terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo, às portas e nos caminhos, porque tem a natureza da mãe, sempre convivendo com a precisão. Segundo o pai, porém, ele é insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico, caçador terrível, sempre a tecer maquinações, ávido de sabedoria e cheio de recursos, a filosofar por toda a vida, terrível mago, feiticeiro, sofista: e nem imortal é a sua natureza nem mortal, e no mesmo dia ora ele germina e vive, quando enriquece; ora morre e de novo ressuscita, graças à natureza do pai; e o que consegue sempre lhe escapa, de modo que nem empobrece o Amor nem enriquece, assim como também está no meio da sabedoria e da ignorância. Eis com efeito o que se dá"; 2) Rivalidade ou uma aliança entre os deuses faz surgir alguma coisa no mundo. Nesse caso, o mito narra ou uma guerra entre forças divinas ou uma aliança entre elas para provocar alguma coisa no mundo dos homens, exemplo, o poeta Homero, na Ilíada, epopeia que narra a guerra de Tróia, este guerra, causada pela rivalidade entre as deuses; 3) Recompensas ou castigos que os deuses dão a quem lhes obedece ou a quem lhes desobedece. Exemplo: Os deuses fizeram uma mulher encantadora, Pandora, a quem foi entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas que nunca deveria ser aberta. Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade e querendo dar a eles as maravilhas, abriu a caixa. Dela saíram todas as desgraças, doenças, pestes, guerras e, sobretudo, a morte. Explica-se, assim, a origem dos males do mundo.

Assim, quais  são as diferenças entre filosofia e mito? Podemos apontar três como as mais importantes: 1) O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial, longínquo e fabuloso. A filosofia, ao contrário, preocupa-se em explicar como e por que, no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do tempo), as coisas são como são; 2) O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas, enquanto a filosofia, ao contrário, explica a produção natural das coisas por elementos e causas naturais e impessoais; 3) O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o incompreensível. A filosofia, ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente, lógica e racional.



MITO E FILOSOFIA
Humberto Zanardo Petrelli, com Adaptações.